segunda-feira, 26 de setembro de 2011

“Mother. Father. Brother. It was you who led me to His door”



Hoje venho falar de cinema... sim um simples trecho de imagens "animadas" reais que são chapadas numa tela... Arte?... Quiçá ? 
Provocam-te um sentimento de Déjà vu? Fast forward? Apenas um retratar de sonhos.... 
Então, o que falar de um filme como A Árvore da Vida? De um filme tão grande tanto na sua ambição quanto na sua execução? Tão transcendente em cada linha de diálogo, em cada plano? Como falar de um filme que em duas horas e pouco mais aborda todas as grandes questões da vida humana? Todas as suas dúvidas, todas as suas contradições, toda a sua beleza e ao mesmo tempo toda a sua escuridão. Como falar de um filme sem paralelo na história do Cinema, verdadeiramente único em… bem, em tudo? É um filme do qual é difícil falar, mas que é muito fácil de sentir. É arrebatador e intimidante na sua dimensão e, ao mesmo tempo, no seu intimismo. Falar da sua história é inútil, já que o filme se assume como uma obra profundamente meditativa e, acima de tudo, fluída. 

O tempo, o espiritual e o humano são as personagens principais de um filme que fala, acima de tudo, sobre a VIDA. Sobre a família e os seus conflictos; 

Sobre a juventude e as dúvidas que cria; 

Sobre a religião e as perguntas que gera em qualquer homem; 

Sobre o passado que influência o futuro e o futuro que influência o passado. 

A vida está em A Árvore da Vida em toda a sua dimensão. Desde a sua origem no espaço ao seu crescimento na Terra; desde o crescimento na América dos anos 50 à vida no mundo actual onde os edifícios chegam ao céu como a Torre de Babel tentava chegar a Deus.
Esteticamente, é a perfeição absoluta. Imagem memorável atrás de imagem memorável, uma experiência sensorial perfeita, os ângulos são perfeitos, a handcamera está sempre onde tem de estar, movimentando-se sempre da forma correcta, e todo o universo imaginário criado por Malick é incrível, com imagens e símbolos que ficarão contigo  muito depois de teres saído da sala de cinema (a última meia-hora, em particular, é absolutamente incrível). A banda-sonora é poderosíssima e extremamente importante num filme assim, onde a imagem tem tanto a dizer, tal como a fotografia...
O espectador deambula entre passado e futuro, entre humano e sagrado, entre jovem e adulto; mas é uma deambulação extremamente bem planeada e, acima de tudo, coerente no seu objectivo.
Todas as questões que trespassam o filme mostram um homem em processo de meditação sobre si mesmo e o mundo que o rodeia. Perda de inocência, dúvida religiosa, conflictos familiares, o apreço dado à vida…. tudo está presente no filme, vivido pelo realizador.
É inútil falar de A Árvore da Vida, porque não foi um filme feito para ser falado. Foi feito para ser visto e, acima de tudo, SENTIDO. O que aqui temos é um filme que transborda vida, sentimento e pura transcendência. A Árvore da Vida é, acima de tudo, uma experiência que tem tanto de espiritual quanto de sentimental.  Não pode ser explicado, apenas visto, e para quem dele gostar será, certamente, algo de memorável. Não é um filme para todos, poderá desiludir até para alguns, mas jamais poderia ser de outra forma num filme tão pessoal e, ao mesmo tempo, tão gigantesco. É por vezes incompreensível, frequentemente arrebatador, por vezes profundamente comovente, e todo ele transcendente. "Como a vida, portanto."


p.s. Carpe Diem