quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

esta noite, como com versos tristes...

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.

2 comentários:

  1. A vida é uma escola com algumas "cadeiras/disciplinas" bem complicadas... uma delas é o Amor. Por isso dedico-te está fábula:
    Olá! O meu nome é Felicidade... Faço parte da vida daqueles que tem amigos, pois ter amigos é ser feliz. Faço parte da vida daqueles que acreditam que ontem é passado, amanhã é futuro e hoje é uma dádiva, por isso chamado de presente. Faço parte da vida daqueles que acreditam na força do Amor, que acreditam que, para uma história bonita, não há ponto final. Sou casada, sabiam?
    Sou casada com o Tempo. Ah! O meu marido é lindo! Ele é responsável pela resolução de todos os problemas. Ele reconstrói corações, cura magoados, vence a tristeza.
    Juntos, eu e o Tempo, tivemos três filhos: a Amizade, a Sabedoria e o Amor. A Amizade é a filha mais velha. Uma menina linda, sinsera, alegre. A Amizade brilha como o sol. A Amizade une pessoas, pretende nunca ferir, sempre consolar.
    A do meio é a Sabedoria. Culta, íntegra, sempre foi mais apegada ao pai, o Tempo. A Sabedoria e o Tempo andam sempre juntos!
    O mais novinho é o Amor. Ah!... Como esse me dá trabalho! É teimoso, às vezes só quer morar num lugar. E passo a vida a dizer: "Amor, foste feito para morar em dois corações, não apenas num!". O Amor é complexo mas é lindo... muito lindo! Quando ele começa a fazer estragos, chamo logo o pai dele, o Tempo, e aí... o Tempo vai sarando todas as feridas que o Amor abriu!
    Uma pessoa muito importante ensinou-me uma coisa: tudo, no final, sempre dá certo. Se ainda não deu, é porque não chegou o final. Por isso acredite sempre na minha família.
    Acredite no Tempo, na Amizade, na Sabedoria e, principalmente, no Amor. Aí, com certeza, um dia... eu, a Felicidade, baterei à sua porta.

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  2. adorei a fábula, simplesmente majestosa :)
    e como o próprio nome indica a vida é essa família que devemos manter unida :)

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