quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Um Grão de Poeira Cósmica

E esta saudade?
o que posso fazer com ela
Deitá-la pela janela?
chorar sem consolo,
pedir para esquecer...
dói como dói não te ver
quando podes voltar
e meu coração acalmar?
é que a tua presença fazia-me sorrir
mesmo sem que tu saibas
ao menos que estou aqui
teu sorriso fazia-me voar
e ver o mundo colorido
fazia-me viajar no universo infinito
ver os pulsares do meu coração
as nebulosas da minha imaginação
e transformar este amor numa estrela
que brilha e radia a felicidade de te ter
pena que sou a poeira cósmica do espaço
e não podes ver o quanto te admiro
não posso tranformar tudo por onde passo
não posso mudar o rumo dos teus passos
e trazer pra mim o teu abraço protector
para o cair de um meteoro
a saudade aperta!!!
Procuro-te
Em cada elemento da natureza
Que com maestria ensinaste-me a amar.
Vejo neles a tua delicadeza
O teu imenso coração desenhado no ar.
Se eu procuro a tua suavidade, procuro-te na lua
Que do céu me sorri tão tua
E ainda encontro teu anil olhar
Sempre a falar-me!
Teu cheiro encontro num botão a desabrochar,
Na terra molhada, pronta para renascer.
Ao nascer do dia, com exatidão.
Vejo tua alma entre as verdes florestas
Que preservavas com imensa devoção.
Nas orquídeas encontro a beleza
Do teu coração, pelas flores a tua afeição.
Na estrelinha perdida no céu
Encontro a tua admiração pelo belo,
Pelo puro, pelo singelo!
No rochedo encontro a tua determinação,
A tua força e a tua protecção!
No sol encontro o teu brilho e teu calor
E a imensidão do teu amor!
No espelho das águas
Encontro a tua face
Num laço de carinhos e afetos
Neste vínculo secreto
Que persiste entre nós
E jamais se dissolverá!
Porque Avô, tu deixaste-me como herança,
Não a tua fartura,
Mas toda uma vida pautada
Na rectidão de caráter, na honestidade,
Na simplicidade e sensibilidade.
Tatuaste todo o conjunto de teus traços
Na alma de teus filhos e netos
Que sobrevivem nesta ilha
Com o coração pleno de amor!
E se a vida é cheia de percalços
Guiados por ti, nosso herói digno de fé
Passamos por eles descalços
Mesmo com bolhas nos pés,
Buscando sempre a sombra das árvores
As margens do rio,
O cair da tarde
E se o caminho é deserto
Tu sempre estás por perto
Num jardim de lembranças
Suavisando o nosso sofrimento!
Avô, tu deixaste um belo exemplo
Teus mais nobres sentimentos
Que cultivamos num sólido templo!

Para sempre no meu coração!!!


2 comentários:

  1. Um texto com veia astronómica que consegue conjugar muito bem todos os elementos. Gostei!
    Tem tanto de simplicidade como que arrojado de uma lingugem mais física ou metafísica (sei lá...!!!)

    Que fazeres à saudade? Eu respondo-te, através de um grande escritor português Fernando Pessoa:
    "A morte é a curva da estrada,
    Morrer é só não ser visto.
    Se escuto, eu te oiço a passada
    existir como eu existo.

    A terra é feita de céu.
    A mentira não tem ninho.
    Nunca ninguém se perdeu.
    Tudo é verdade e caminho"

    ResponderEliminar
  2. muito obrigado :)
    a morte não tem lugar quando mantemos as pessoas vivas no coração :)

    ResponderEliminar